terça-feira, 2 de novembro de 2010

Palavras de um roteirista

Não sou um escritor novo, mas sei que posso dizer que ainda sou um escritor amador. Principalmente pelo fato de que qualquer coisa que eu escrevo, quando releio doi ou três meses depois sinto que pode ser melhorado. Pouco é aquilo que escrevo que realmente me faz sentir um profissional. Exceto quadrinhos.

Estou longe de ser um quadrinista. Muito longe mesmo de ser alguém tão bom quanto um Michael Bendis ou Warren Ellis só pra citar gente mais atual, já que minha pretensão acusa desrespeito se algum da me comparar a Stan Lee ou qualquer outro da época. No entanto, quando sento em frente ao cumputador e passo horas imerso em m mundo em que cada instante é separado por duas linhas, sinto que me torno tão grande quanto qualquer entidade das histórias que escrevo.

Fora isso, existem personagens cujas histórias te colocam dentro de um mundo bem maior e ao mesmo tempo tão singularmente pessoal e íntimo que cada letra desenvolvida de seus enredos nada mais é que o seu próprio respirar. É assim que me sinto com o Alma de Dragão.

O Alma não é meu. De maneira nenhuma. Mas sinto que posso esticar e desenvolver e levar àqueles personagens a um infinito comparável às ideias de Claremont em seus X-Men - que originalmente são de Lee e Kirby. Abandoná-los simplesmente não está escrito em minha agenda desse ou dos próximos 100 anos e há algo em mim que diz que posso explorá-los e torcê-los como um pano completamnete molhado que não importa como eu faça ainda derramará muita água desse pano.

Nesse instante estou reescrevendo, a pedido do Kaléo, verdadeiro criador da série, a primeira edição. Estou incivelmente empolgado com os rumos que eu mesmo esto dando a essa primeira parte. Dessa vez do jeito que eu esperava, com uma narrativa mais madura, mais experiente e mais organizada - algo que os fãs que surgiram no SANA, quando levamos a HQ para lá, realmente merecem. Acabei de escrever uma cena que é de Glória abrindo uma porta. Ela sabe o que há la dentro, o que quer lá dentro e o que esperar de lá, mesmo assim sente que milhares de dúvidas e coisas novas e inesperadas poderão saltar em seu rosto, mesmo assim ele não vacila e seu primeiro passo é firme e decidido entrando naquela escuridão com som de interrogação. Sinto que essa cena é uma metáfora sobre mim e minha relação com a revista: eu sei até onde podemos ir, o que podemos esperar e o que posso encontrar lá, mesmo assim o inesperado é um visitante constante e eu não vacilo em frente a ele.

É incrível como podemos chegar nesse ponto com certos personagens. Sei que algum dia não serei eu escrevendo o Alma. Simplesmente porque um Fanfic pode um dia escrever uma história incrível sobre ele e Kaléo resolver que quer a energia na revista - já que ele vê o enredo com uma continuidade bem maior que eu - ou eu resolva deixar na mão de alguém mais novo e promissor enquanto caio com tudo em projetos pessoais... enfim, sei que não devo me apegar tanto. Mas sua essência nunca vai sair de mim e tudo o que aprendo e desenvolvo quero, de alguma maneira, poder usar no Alma e sei que tenho feito.

Esperava poder falar isso a todos e de maneira aberta sem tomar páginas da revista. Acho que o blog meio que serve pra isso. Então deixo aqui minha palavra e meu conselho: não importam o que façam, se vocês criarem amor e se sentirem parte daquilo que desnvolvem, garanto que será muito mais proveitoso plantar e colher esse frutos.

Até 15 dias.

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